sábado, 7 de novembro de 2015

"Gostava de saber o que vêem os teus olhos quando me vêem. Gostava de saber se vêem este aperto que te aperto - e é com os olhos, antes de tudo o resto, que te aperto. Gostava de saber o que vêem os teus olhos quando me vêem. A única maneira de olhar é olhar-te. O teu cabelo de boneca, escuro e liso; o teu corpo dobrado no meu quando, de manhã, acordo - e te vejo ali, como só tu, a amar-me como só eu. És a felicidade de todos os meus minutos. E depois as palavras nem precisam de ser palavras. E depois ficamos abraçados, por debaixo dos lençóis, como se o mundo lá fora fosse o resto do que não precisamos de viver. O resto do que nem sequer precisamos de ver. Toda a realidade está dentro de ti. Tudo o que vejo vejo contigo. Pedes-me para te abraçar. E eu abraço-te. Pedes-me para te beijar. E eu beijo-te. E eu e tu sabemos que quando um pede o outro faz. E eu e tu sabemos, mais ainda, que quando um pede o outro está a pedir também. Porque entre nós não é a felicidade de um que é a felicidade do outro; entre nós só há uma felicidade."

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